quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Até onde vai o território do Brasil fora do continente?

por Tiago Jokura | Edição 72


O Brasil controla, oficialmente, um território marítimo de 3,6 milhões de km2 - área maior do que as Regiões Nordeste, Sudeste e Sul juntas. Nesse pedação de mar, denominado Zona Econômica Exclusiva (ZEE), o país monitora e orienta o tráfego de embarcações e tem direito exclusivo de pesquisa e exploração comercial dos recursos existentes na água e no subsolo (petróleo, gás natural, frutos do mar etc.). Os limites atuais da ZEE foram definidos na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e só entraram em vigor em 1994. Mas, desde 2004, o Brasil luta pela ampliação dos nossos domínios, ampliando nossa ZEE para 4,5 milhões de km2.
Mar adentro
O Brasil no mar se divide em três faixas: mar territorial, ZEE e a área de salvamento
MAR TERRITORIAL
O Brasil tem soberania marítima e aérea em uma "pequena" faixa que corre junto ao litoral com largura de 22 km (12 milhas náuticas). Neste território e nos 22 km vizinhos (zona contígua), o país pode fiscalizar embarcações e impor sua legislação
ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA
O Brasil é dono de todas as riquezas das águas e do subsolo até uma distância de 370 km (200 milhas náuticas) a partir não só do continente mas também das suas ilhas. Empresas e instituições de outros países precisam de concessão do governo brasileiro para explorar esta área
O BURACO É MAIS EMBAIXO
Cerca de 80% do petróleo consumido no Brasil vem do mar. A bacia de Campos, no Rio de Janeiro, é responsável pela maior parte da produção nacional e abriga a plataforma mais produtiva do país: a P-50, que extrai 180 mil barris diariamente
EXPLORANDO O TERRITÓRIO
Empresas autorizadas a retirar e comercializar recursos do mar pagam taxas (royalties) aos estados que controlam o território explorado. Por isso, a ZEE é toda repartida entre os estados costeiros. Pelo mapa, você pode notar que Paraná e Piauí, por alguma razão, levaram a pior no desenho das fronteiras marítimas
MAR À VISTA
Além de poder explorar uma faixa de quase 400 km de largura ao longo dos seus 7 500 km de litoral, o Brasil ainda tem exclusividade sobre áreas localizadas a até 1 500 km do continente graças a pequenas porções de terra, como a ilha de Trindade, que pertencem ao país
DEVER DE CASA
Além dos direitos de soberania e de exploração, o Brasil tem deveres marítimos que vão além da sua ZEE. Todos os países que têm litoral são obrigados a prestar salvamento e resgate em uma área determinada pela ONU. A área de salvamento do Brasil cobre 6,4 milhões de km2
PLATAFORMA CONTINENTAL
Geologicamente, a plataforma continental é uma faixa de terra submersa que começa na praia e desce até chegar à profundidade de 200 m. A partir daí, começa o talude continental, um paredão que delimita o início das águas mais profundas no oceano
NOVOS LIMITES
A ONU prevê que um país pode ampliar seus limites marítimos para além da ZEE, desde que apresente bons argumentos técnicos. Desde 2005, o Brasil reivindica mais 960 mil km2 de mar, considerando o alcance da sua plataforma continental

Fonte: Revista Mundo Estranho. Ed. 72.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ensino Híbrido

Já ouviu falar em Ensino Híbrido?


Por Instituto Península

Você sabe o que é Ensino Híbrido? A pesquisadora da USP Lilian Bacich, que é consultora do Instituto Península, fala na entrevista abaixo como esse novo modelo pode transformar a educação. Confira!

O que é o Ensino Híbrido?

Lilian: É possível encontrar diferentes definições para Ensino Híbrido na literatura. Todas elas apresentam, de forma geral, a convergência de dois modelos de aprendizagem: o modelo presencial, em que o processo ocorre em sala de aula, como vem sendo realizado há tempos, e o modelo online, que utiliza as tecnologias digitais para promover o ensino. No modelo de ensino híbrido, a ideia é que educadores e estudantes ensinem e aprendam em tempos e locais variados. Nessa abordagem, não estamos tratando de educação à distância, em que algumas disciplinas são ministradas na forma presencial e, outras, ministradas apenas a distância. Esse seria o uso original do termo que evoluiu para abarcar um conjunto muito mais rico de estratégias ou dimensões de aprendizagem. O modelo de Ensino Híbrido hoje é uma forma de abordagem para a Educação Básica que promove uma mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino online, que ocorrem na sala de aula ou fora dela, porém, preferencialmente na escola, sem modificar a carga horária presencial.

Quais os principais benefícios da adoção do Ensino Híbrido? 

Lilian: Um dos principais benefícios do modelo de ensino híbrido é a possibilidade de personalizar o ensino, ou aproximar-se disso. Sabemos que o estudante do século XXI está inserido em uma nova realidade social e cultural em que a tecnologia digital está presente em praticamente todos os momentos do seu dia. A escola não pode ficar a parte desse processo e já tem modificado a forma de trabalhar com esse estudante há algum tempo, inserindo gradativamente a tecnologia digital nas aulas. Porém, o que se observa em estudos sobre o tema, é que a tecnologia digital, na maioria das vezes, apenas substitui os recursos já utilizados pelo professor (lousa, giz) por recursos possibilitados pelo uso do data-show, como a apresentação de uma aula em Power-Point, o uso de vídeos e animações, entre outros. O modelo de ensino híbrido traz a possibilidade de pensar em melhores utilizações desses recursos digitais no dia a dia atendendo a todos os alunos e às suas características pessoais de aprender.


E quais os desafios para a implantação deste modelo? 


Lilian: O papel do professor é essencial na organização e no direcionamento do processo. O objetivo é que, gradativamente, o professor planeje atividades que possam atender às necessidades da turma. É importante que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma colaborativa, com foco no compartilhamento de experiências e na construção do conhecimento por meio das interações com o grupo. O desafio que encontramos hoje, de acordo com o que identificamos em algumas pesquisas nacionais e internacionais, é que, apesar das escolas implementarem as tecnologias digitais em sua rotina, adotando computadores, tablets e outros equipamentos, ainda têm dificuldade em modificar as formas de lidar com o planejamento das aulas. A mudança na escola tem sido mais lenta, e esse é o maior desafio, pois demanda alterações em vários níveis: infraestrutura educacional, formação de professores, estruturas curriculares, práticas de sala de aula e modos de avaliação.


Por que o ensino híbrido é considerado uma tendência na educação? 


Lilian: Podemos considerar que o ensino híbrido é uma tendência na educação à medida que a discussão sobre o uso de tecnologias digitais em sala de aula começa a atingir um novo patamar. Não estamos mais falando em capacitar o professor para o uso das tecnologias digitais, porque isso já acontece, mas em discutir com o professor o “como” fazer e de que maneira ele pode inserir as tecnologias digitais em seu planejamento de forma sustentada. Entendemos que as formas de aprender de cada estudante podem ser diferentes, por isso, possibilitar diferentes oportunidades de aprendizagem pode ser uma vantagem para atingirmos aqueles estudantes que têm mais dificuldade de aprender em um modelo único utilizado por um professor. Sabemos também que há estudantes que aprendem melhor no formato tradicional. E essa é grande vantagem do ensino híbrido que permite a união do “melhor dos dois mundos”: presencial e online.

O Instituto Península em parceria com a Fundação Lemman desenvolve desde março deste ano o projeto Ensino Híbrido com o propósito de construir aprendizados a partir da produção de experiências e criação de uma rede de conhecimento e um acervo de informações que poderão ser replicados para educadores de todo o País. 

FONTE: Instituto Península 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Secretário-geral da ONU lança relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e sobre os desafios a serem enfrentados até 2030

Mulheres trabalham em uma fazenda de arroz no Nepal
UM DOS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É PROTEGER, RECUPERAR E PROMOVER O USO SUSTENTÁVEL DOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES. FOTO: JOHN ISAAC/ UN PHOTO.


O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apresentou aos Estados-membros das Nações Unidas um relatório-síntese sobre o trabalho desenvolvido até agora para a definição e negociação da agenda pós-2015, que inclui os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que guiarão o desenvolvimento global depois do fim do prazo para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 

“Estamos prestes a adentrar o ano mais importante para o desenvolvimento desde a criação das Nações Unidas. Nós devemos dar significado para a promessa desta organização, a fim de reafirmar a fé na dignidade e no valor do ser humano”, disse Ban Ki-moon na ocasião. “Temos uma oportunidade histórica e o dever de agir vigorosamente para tornar a dignidade para todos uma realidade, sem deixar ninguém para trás.”  

Intitulado O caminho para a dignidade até 2030: acabando com a pobreza, transformando todas as vidas e protegendo o planeta, o relatório aborda os desafios  pós-2015 e pós-ODM e a construção da nova agenda de desenvolvimento a ser seguida pela ONU. 

De acordo com o secretário-geral, nunca houve uma consulta tão ampla e profunda sobre desenvolvimento. O documento, que começou a ser elaborado desde a Rio+20, contou com o apoio e com a colaboração de governos, de empresários, de todo o Sistema ONU e de milhares de pessoas ao redor do mundo, por meio de consultas presenciais e online com a utilização da plataforma MY World (MEU Mundo, em português).  

Além disso, o relatório lembra os progressos conquistados pelo esforço para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), como a redução da pobreza em vários países, a universalização da educação, a expansão da tecnologia sustentável e a reconstrução de nações após conflitos. Esses casos, de acordo com o relatório, são exemplos de que a vulnerabilidade e a exclusão podem, certamente, ser superados nos próximos anos.    

Entretanto, Ban Ki-moon falou sobre o que ainda falta ser feito e pediu para que os governos, o setor privado, a sociedade civil organizada e as comunidades se empenhassem para reduzir a extrema pobreza e a fome, combater as doenças e, melhorar a educação, especialmente para as mulheres e meninas, até 2015, prazo final para o cumprimento dos ODM. O secretário-geral pediu ainda que os governos fossem inovadores, inclusivos, ágeis e determinados ao negociar a nova agenda de desenvolvimento.

Construção da nova agenda 

Os ODS propostos estão sendo construídos sobre as bases estabelecidas pelos ODM, procurando completar o trabalho inacabado referente a eles e responder a novos desafios. Esses objetivos constituem um conjunto integrado e indivisível de prioridades globais para o desenvolvimento sustentável.

No total, são 17 objetivos e 169 metas sobre questões de desenvolvimento sustentável apresentados no documento, que irão pautar a nova agenda de desenvolvimento das Nações Unidas. Um dos objetivos se refere aos meios de implementação e financiamento da sustentabilidade. Já os outros 16 objetivos são temáticos, e procuram aumentar a ambição dos ODM (pobreza, saúde, educação, gênero) e  promover a sustentabilidade econômica (crescimento inclusivo, empregos e infraestrutura) e a sustentabilidade ambiental (mudança do clima, oceanos e ecossistemas, consumo e produção sustentável). Tudo isso aliado às sociedades pacíficas e inclusivas (agenda de governança, Estado de direito, violência).

Segundo Haroldo Machado Filho, oficial de Programa do PNUD Brasil, os ODS devem focar nos três pilares fundamentais da sustentabilidade: o social, o ambiental e o econômico. “Entre outras coisas, podemos dizer que o que diferencia os ODM dos ODS é que os ODM se importavam mais com as questões sociais e a preocupação econômica era um pouco difusa. Além disso, havia uma atenção maior em relação às necessidades dos países em desenvolvimento”, explicou. Já os ODS “serão mais globais e se vão se preocupar, também, com o meio ambiente”, complementou.   

O relatório afirma que o sucesso da nova agenda vai depender do poder de inspirar e mobilizar agentes essenciais, novos parceiros, governantes e cidadãos de todo o mundo. Para isso, ela deverá ser baseada nas experiências e nas necessidades das pessoas e deverá assegurar que a transição dos ODM para objetivos mais amplos de desenvolvimento sustentável seja efetiva e que faça parte dos planos regionais de cada país. 

Em setembro, a comunidade internacional deve chegar a um acordo sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e, em dezembro, as autoridades devem chegar a um consenso nas negociações sobre o clima.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos são:

ODS1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; 

ODS2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição, e promover a agricultura sustentável; 

ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; 

ODS4. Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos; 

ODS5. Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;
 
ODS6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos;
 
Deserto
TOMAR MEDIDAS URGENTES PARA COMBATER A MUDANÇA DO CLIMA E SEUS IMPACTOS É UM DOS EIXOS DA NOVA AGENDA DE DESENVOLVIMENTO. FOTO: JOHN ISAAC/ UN PHOTO.

ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos;
 
ODS8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos; 

ODS9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação; 

ODS10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles; 

ODS11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; 

ODS12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis; 

ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos;* 
*Reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança do clima.

ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; 

ODS15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater à desertificação, bem como deter e reverter a degradação do solo e a perda de biodiversidade; 

ODS16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; 

ODS17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.